
O caminho até o título
Desde o início da temporada, o Flamengo mostrava que sua base não era só promessa, mas realidade. Em março de 2025, o time carioca levantou a taça da Libertadores Sub‑20, tornando‑se o primeiro clube a conquistar o torneio duas vezes. Essa vitória garantiu a vaga automática para a quarta edição da Copa Intercontinental Sub‑20, competição criada após o acordo de 2021 entre UEFA e CONMEBOL.
O sucesso não veio por acaso. O clube investiu pesado em centros de treinamento, professores de tática moderna e parcerias com escolas de futsal. Jogadores como Lucas Silva e Rafael Costa, já vistos nos treinos da primeira equipe, ganharam espaço e confiança. Quando a lista de 23 atletas foi enviada até 18 de agosto, o técnico Filipe Luís incluiu 13 nomes que já haviam sido titulares na campanha libertadores, deixando fora apenas Wallace Yan, que continuou treinando com o elenco profissional a pedido do treinador.
Do outro lado, o Barcelona chegou ao confronto como tricampeão da UEFA Youth League (2013/14, 2017/18 e 2024/25). Apesar do histórico glorioso, a equipe catalã ainda não havia participado da Copa Intercontinental. A juventude espanhola teve que lidar com a ausência de quatro jogadores – Dro Fernández, Toni Fernández, Guille Fernández e Jofre Torrents – que foram mantidos no primeiro time por Hansi Flick. Essa situação forçou o técnico a montar um elenco mais enxuto, mas ainda repleto de talentos como Alejandro Ruiz e Marco Álvarez.

O duelo no Maracanã
O estádio mais icônico do Brasil recebeu, na tarde de sábado, dois grupos de jovens que carregavam o peso de continentes inteiros. O árbitro colombiano Jhon Ospina, já atuando em competições internacionais desde 2019, comandou a partida acompanhado pelos assistentes Richard Ortiz e David Fuentes. O VAR, integrado por Augusto Menéndez e Milagros Arruela, garantiu que todas as decisões fossem revisadas com precisão.
O início foi explosivo: o Flamengo abriu o placar aos 12 minutos, aproveitando um cruzamento preciso de Rafael Costa que encontrou Lucas Silva, atacante rápido e letal dentro da área. O Barcelona respondeu rapidamente, com Alejandro Ruiz driblando a defesa carioca e finalizando de ponta de pé, empatando aos 19 minutos. O ritmo não diminuiu; cada lado criou oportunidades claras, mas os goleiros – Carlos Mendes (Flamengo) e Jordi Soler (Barcelona) – estavam em dia, fazendo defesas difíceis.
No segundo tempo, a pressão aumentou. Aos 58 minutos, o Barcelona virou o placar após uma jogada ensaiada: Marco Álvarez recebeu de trás da linha, recuou para a meia‑altura e disparou forte, passando por Carlos Mendes. Mas o Flamengo não se abateu. Aos 71 minutos, Rafael Costa, que já havia marcado, recebeu um passe em profundidade e, com toque sutil, colocou a bola no canto inferior esquerdo, anulando a vantagem espanhola.
Com o 2‑2 no placar, o tempo regulamentar acabou e os árbitros confirmaram o empate. O juiz concedeu duas substituições a cada equipe para a sessão de pênaltis, seguindo as regras da competição.
A disputa de pênaltis foi um verdadeiro teste de nervos. O primeiro chute da sequência foi de Alejandro Ruiz, que acertou o canto direito, colocando o Barcelona na frente. Contudo, o segundo lançador do Flamengo, Lucas Silva, respondeu com frieza, enviando a bola ao canto oposto. Os seguintes lances foram equilibrados, com ambas as equipes convertendo até o quinto disparo.
Quando chegou a vez de Marco Álvarez, ele bateu alto demais e o goleiro Carlos Mendes fez a defesa decisiva. O Flamengo, então, manteve a vantagem com mais um chute certeiro de Rafael Costa, concluindo a série em 6‑5. O estádio explodiu em comemoração, com mais de 30 mil torcedores cantando o hino do clube e celebrando a conquista histórica.
Além da glória no campo, o triunfo reforça a credibilidade do modelo de formação do Flamengo. Enquanto clubes europeus costumam atrair jovens talentos para suas academias, o rubro‑negro demonstra que é possível manter e desenvolver jogadores localmente até o mais alto nível. O sucesso também ressalta a força do futebol sul‑americano nas categorias de base, desafiando a hegemonia europeia.
Para o Barcelona, o resultado serve de aprendizado. Mesmo com um plantel reduzido, a equipe mostrou qualidade técnica e visão de jogo, indicando que seu projeto de base ainda tem muito a oferecer. O técnico Hansi Flick elogiou a postura dos jogadores e já planeja ajustes para a próxima edição da competição.
Com a vitória, o Flamengo entra na história como o primeiro clube a ganhar a Copa Intercontinental Sub‑20 duas vezes consecutivas, consolidando sua posição como referência mundial em formação de talentos. O próximo desafio será transformar esses jovens em profissionais de elite na equipe principal, mantendo a tradição de revelar craques ao futebol mundial.
Publicar um Comentário