Dia do Gaúcho: CTG Cultivando a Tradição celebra Semana Farroupilha em Chapadão do Sul

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Dia do Gaúcho: CTG Cultivando a Tradição celebra Semana Farroupilha em Chapadão do Sul
setembro 20, 2025

Calor de 33°C, bombacha e gaita: Chapadão do Sul vive o Dia do Gaúcho

Chapadão do Sul amanheceu no clima da tradição. Em meio a 33°C registrados durante a tarde, o CTG Cultivando a Tradição abriu as porteiras para uma Semana Farroupilha que toma conta da cidade. O Dia do Gaúcho, celebrado em 20 de setembro, é o ponto alto do calendário para quem preserva a cultura sulina em Mato Grosso do Sul — com música, dança, churrasco de chão e memória histórica compartilhada em família.

O movimento no galpão do CTG começou cedo, com mate amargo circulando, crianças de pilcha e ensaios de invernadas artísticas. A proposta é simples e poderosa: reunir gerações em torno de costumes passados de pai para filho. A casa tradicionalista organiza uma programação que se estende por toda a Semana Farroupilha, com apresentações artísticas, oficina de danças, rodas de causos, culinária típica e atividades campeiras.

Quem frequenta CTG sabe: tradição se aprende fazendo. A agenda inclui números das invernadas, o som das gaitas com chamamé, vaneira, milonga e xote, além de provas que testam habilidade e respeito ao campo, como manejo de laço simbólico e demonstrações de rédeas em espaço controlado. Para matar a saudade do sabor de casa, o cardápio passa pelo arroz de carreteiro, o churrasco no fogo de chão e o clássico sagu com creme.

Neste 20 de setembro, a comemoração também faz um convite à memória. A data marca o início da Revolução Farroupilha, em 1835, capítulo que moldou a identidade do povo gaúcho e inspirou a preservação de símbolos como a pilcha, a bandeira e o hino rio-grandense — hoje presentes muito além das fronteiras do Rio Grande do Sul, com forte presença em Mato Grosso do Sul.

O calor exigiu ajustes. O CTG reforçou pontos de hidratação e áreas de sombra para o público, além de orientação para vestir roupas leves por baixo da pilcha e redobrar a ingestão de água. Famílias que costumam acompanhar as atividades com idosos e crianças optaram por horários de fim de tarde e noite, quando a temperatura cai e a brisa ajuda a manter o conforto.

Há um motivo para essa cena ser tão viva em Chapadão do Sul. A partir das décadas de 1970 e 1980, levas de famílias do Sul migraram para o Centro-Oeste em busca de novas fronteiras agrícolas. Junto com as lavouras, vieram as tradições: o chimarrão na cuia, o respeito ao cavalo, o fandango no galpão e a roda de amigos que não precisa de muito para virar baile. O CTG, aqui, cumpre justamente o papel de ponte entre quem veio e quem nasceu sul-mato-grossense, mas se reconhece nos rituais do pampa.

Nesse esforço de preservação, o Movimento Tradicionalista Gaúcho em Mato Grosso do Sul (MTG-MS) tem sido uma engrenagem constante. A entidade articula eventos, forma jurados e instrutores, apoia invernadas artísticas e campeiras e dá orientações de segurança e bem-estar durante grandes encontros. A Semana Farroupilha vira, assim, um laboratório vivo: crianças aprendem a marcar o compasso do xote, jovens entendem a história por trás do lenço e adultos reencontram os laços que os trouxeram até aqui.

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Para entender o 20 de setembro, é preciso voltar a 1835. A Revolução Farroupilha — também conhecida como Guerra dos Farrapos — começou como um conflito entre líderes regionais e o governo imperial, num cenário de tributação elevada sobre produtos como o charque e de disputas políticas. O embate durou dez anos e terminou em 1845, com o Acordo de Ponche Verde, que reconheceu anistia aos revoltosos e abriu espaço para acomodações políticas. Não foi uma vitória militar, mas um acordo que deixou marcas profundas na identidade gaúcha.

Dessa memória nascem símbolos que atravessam gerações: a bombacha, a guaiaca, o lenço, a bota, o mate passado de mão em mão. No galpão, esses sinais não são fantasia — são linguagem. Ao vestir a pilcha, muita gente diz que sente a responsabilidade de honrar quem veio antes, e é isso que a Semana Farroupilha busca transmitir aos mais jovens, sem transformar tradição em peça de museu.

Em Chapadão do Sul, a programação especial do CTG Cultivando a Tradição trabalha três frentes. A primeira, cultural, com espetáculos de dança e música nativista para toda a família. A segunda, educativa, com rodas de conversa sobre a origem da Semana Farroupilha, oficinas de indumentária e noções de etiqueta no mate (sim, existe jeito certo de cuidar da cuia). A terceira, comunitária, com ações solidárias de arrecadação de alimentos e campanhas de doação, prática comum em CTGs pelo país.

Quem vai pela primeira vez costuma se surpreender com a participação das crianças. As invernadas mirins treinam coreografias, aprendem passos básicos — como a marcação do xote e a ginga da milonga — e, ao mesmo tempo, ouvem histórias sobre a Revolução Farroupilha, compreendendo por que 20 de setembro virou sinônimo de pertencimento. No fim do ensaio, a fila na garrafa térmica entrega: chimarrão também é ferramenta de educação.

Com a temperatura alta, a organização recomenda alguns cuidados: manter garrafinha de água sempre por perto, alternar momentos no sol e na sombra, usar protetor solar e não forçar o ritmo nas atividades físicas. A pilcha completa pode esperar pelo entardecer. À noite, o galpão ganha vida com bailes familiares, onde a regra de ouro é a mesma de sempre: respeito na pista e espaço para quem está aprendendo.

Para além da festa, há uma camada econômica que não passa despercebida. Eventos farroupilhas movimentam costureiras especializadas em pilcha, escolas de dança, grupos musicais regionais, fornecedores de carnes e produtos típicos, além de pequenos empreendedores que vendem cuias, bombas e artesanato. Em cidades do interior, essa roda costuma girar forte em setembro.

Ao final, o que se vê é uma cidade que adotou a tradição como parte de si. O CTG Cultivando a Tradição cumpre seu nome ao manter viva a cultura gaúcha em terras sul-mato-grossenses, reunindo sotaques diferentes sob o mesmo telhado. No 20 de setembro, a história não fica só na página: vira música, dança, cheiro de churrasco e gente se reconhecendo nos próprios símbolos.

Programação típica da Semana Farroupilha no CTG inclui:

  • Apresentações das invernadas mirim, juvenil e adulta;
  • Rodas de chamamé, milonga, vaneira e xote com grupos locais;
  • Oficinas de danças e de indumentária (pilcha e nós do lenço);
  • Rodas de causos e contação de histórias sobre a Revolução Farroupilha;
  • Gastronomia tradicional: churrasco de chão, arroz de carreteiro e sagu;
  • Atividades campeiras e demonstrações de laço em ambiente controlado;
  • Ações solidárias e campanhas de arrecadação.

Enquanto a cidade esquenta, o galpão segue firme: cuia passando de mão em mão, gaita afinada e um convite aberto para quem quiser chegar. Porque tradição, por aqui, não é nostalgia — é encontro.

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