
O calor extremo que atingiu o Japão em agosto de 2025 deixou a população em alerta máximo: 99 mil pessoas foram internadas por problemas relacionados ao calor, 116 morreram e centenas de brasileiros que vivem no país relataram como adaptam sua rotina para sobreviver a temperaturas acima de 40 °C. Na terça‑feira (5), a cidade de Iseaki registrou 41,8 °C, quebrando o recorde estabelecido na semana anterior em Hyogo.
Entre os que sentem o impacto na pele está Anderson Dutra Barros, operário de uma fábrica em Oizumi Machi, província de Gunma. Ele conta à RFI que, apesar dos galpões climatizados, a regra de pausas para hidratação nas áreas externas é essencial para não desmaiar.
Contexto climático: recordes históricos e previsões
A Agência Meteorológica do Japão divulgou que a temperatura média entre junho e agosto ficou 2,36 °C acima da média histórica, o maior aumento desde o início dos registros, em 1898. O alerta de calor foi emitido diariamente, informando a população sobre os picos esperados ao longo do dia.
Além de Iseaki, outras cidades sentiram a onda: Kyoto chegou a 40 °C na semana passada, enquanto Oizumi Machi teve máximas de 40 °C e noites ainda quentes, com 32 °C. "É como se estivéssemos num forno", descreve Anderson, que mora há oito anos no país com sua esposa Cynthia Takeda Barros.
Impacto na saúde: números que assustam
Segundo a Agência de Gerenciamento de Incêndios e Desastres, entre 1 º de maio e 21 de setembro de 2025, 99.573 pessoas foram levadas de ambulância a hospitais por problemas de saúde causados pelo calor. O recorde supera o de 2024, que já era histórico com 97.578 casos.
- 116 mortes confirmadas por exaustão e hipertermia;
- 2.201 casos graves que exigiram internações de mais de três semanas;
- 34.063 casos moderados, com estadias curtas.
Mais da metade das vítimas tem 65 anos ou mais, reforçando a vulnerabilidade dos idosos. As crianças também figuram entre os grupos de risco, sobretudo nas escolas onde o ar‑condicionado ainda não está instalado em todas as salas.
Respostas das autoridades e iniciativas locais
O governo japonês intensificou as recomendações: hidratação constante, uso de ar‑condicionado, evitar esforço físico ao ar livre entre 10 h e 16 h e checar sinais de desidratação. Em áreas industriais, como a fábrica de Anderson, as empresas foram orientadas a garantir água potável em pontos estratégicos e a adaptar turnos de trabalho.
Na EXPO 2025Osaka, o Pavilhão Brasil instalou estações de hidratação e áreas de sombra para visitantes, reconhecendo que o calor pode virar uma ameaça à saúde dos frequentadores.

Perspectivas para o futuro: o que esperar nos próximos meses?
Especialistas em climatologia alertam que a tendência de verões mais intensos não deve mudar até 2030, a menos que políticas de redução de emissões sejam aceleradas. O Ministério do Meio Ambiente lançou um plano piloto de cidades “resilientes ao calor”, que inclui implantação de telhados verdes e sistemas de nebulização nas vias públicas.
Enquanto isso, residentes como Anderson planejam mudanças simples: usar roupas leves, instalar ventiladores de teto e participar de grupos de vizinhança que monitoram a saúde dos idosos. "A gente aprendeu a contar com a comunidade", diz ele, ressaltando a importância de redes de apoio.
O que isso significa para brasileiros no exterior?
Para a comunidade brasileira no Japão, que já enfrenta barreiras linguísticas e culturais, o calor extremo adiciona mais um desafio. Organizações como a Associação Brasil‑Japão têm divulgado guias de saúde em português, alertando sobre os sintomas da hipertermia e indicando hospitais que falam inglês ou português.
Além disso, o consulado de São Paulo em Tóquio está ampliando o horário de atendimento para casos de emergência relacionados ao calor, oferecendo orientações sobre seguros médicos e serviços de transporte emergencial.
Perguntas Frequentes
Como a onda de calor está afetando os idosos no Japão?
Mais de 50 % das internações por calor são de pessoas com 65 anos ou mais. As autoridades recomendam visitas diárias, hidratação reforçada e uso de ar‑condicionado em ambientes domiciliares.
Quais medidas as empresas estão adotando para proteger os trabalhadores?
Muitas companhias instalaram estações de água, reduziram a carga horária nos períodos mais quentes e reforçaram regras de pausas a cada 45 minutos para hidratação.
O que os brasileiros que vivem no Japão podem fazer para se adaptar?
Participar de grupos comunitários que monitoram a saúde dos vizinhos, seguir os alertas diários da Agência Meteorológica, usar roupas leves e manter contato com o consulado para orientações médicas.
Qual a expectativa de temperatura para os próximos meses?
A Agência Meteorológica projeta que as máximas permanecerão acima de 38 °C até o final de setembro, com picos de até 42 °C em áreas do interior.
Como a EXPO 2025 está lidando com o calor para os visitantes?
O Pavilhão Brasil instalou 70 infláveis de sombra, estações de hidratação gratuitas e monitoramento de temperatura em tempo real, reduzindo o risco de hipertermia entre os participantes.
1 Comentários
jasiel eduardo
outubro 1, 2025 At 22:36É fundamental beber água regularmente, principalmente nos horários de pico do calor. Também vale a pena usar roupas leves e procurar sombra sempre que possível.
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