Quando Sabrina Sato, apresentadora da Globoplay, estreou o reality Minha Mãe com o Pai na madrugada de 30 de abril de 2025, o Brasil acordou para uma nova aposta da plataforma de streaming. O programa reúne nove pais solteiros – cinco mães e quatro pais – que foram inscritos pelos próprios filhos, sem saber que quem deveria orientar o romance eram exatamente eles, controlando tudo a partir de uma sala de monitoramento. A ação se passa numa mansão de Itapecerica da Serra, interior de São Paulo, e conta com 78 câmeras espalhadas por todos os cantos.
Contexto dos realities de relacionamento
Nos últimos anos, a Globo tem investido pesado em formatos que misturam emoção e drama amoroso. "Solteiros em Apuros" (2022) e "Casa dos Artistas" (2023) foram os primeiros testes, mas não conseguiram bater a audiência de "De Férias com o Ex", que chegou a 1,2 milhão de espectadores simultâneos em 2024. A estratégia, como explicou Pedro Peirano, diretor de conteúdo original da Globoplay, é captar os 38,7 milhões de brasileiros solteiros entre 30 e 55 anos – 28,4 % da população adulta – e mantê‑los grudados na tela.
Detalhes de produção e formato
O reality foi produzido pela Formata Produções e Conteúdo, empresa paulista fundada em 2010, sob licença da ITV Studios Global Entertainment Limited, do Reino Unido. A direção ficou a cargo de Chica Barros, cineasta conhecida por trabalhos documentais sobre cinema regional. O investimento total foi de R$ 42,7 milhões, dos quais R$ 18,3 milhões foram destinados à construção da mansão nos Estúdios Globo, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro.
Os episódios foram lançados em três blocos: quatro na estreia (30/04), outros quatro na segunda semana (07/05) e os dois finais na terceira (14/05). Cada temporada tem dez episódios de aproximadamente 45 minutos, permitindo que o público acompanhe as reações dos pais ao descobrir que as "orientações" vêm dos próprios filhos.
Reações e expectativas do público
Logo após a estreia, as redes sociais explodiram. No Twitter, a hashtag #MinhaMãeComOPai ultrapassou 120 mil tweets em 24 horas, com comentários que variavam de humor a críticas sobre a invasão de privacidade parental. Em pesquisa de opinião feita pela empresa de mídia Kantar Ibope, 57 % dos entrevistados disseram que assistiram ao menos um episódio, e dos que acompanharam, 39 % afirmaram que a dinâmica “gerou empatia”. O psicólogo Dr. Fernanda Tavares, da Universidade de São Paulo, observou que a exposição de vulnerabilidades pode desencadear sentimentos de culpa nos filhos, mas também abre espaço para reconciliação familiar.
Impactos na estratégia da Globoplay
A estreia faz parte de um plano maior: oito realities de relacionamento + um bônus, segundo o próprio Peirano. Além de "Minha Mãe com o Pai", a programação inclui "Terceira Metade", apresentado por Deborah Secco, que vai explorar relacionamentos poliamorosos, e a quarta temporada de "Túnel do Amor", comandada por Ana Clara Lima Contreras. O conjunto deveria consolidar a Globoplay como referência em conteúdo de romance, fortalecendo a retenção de assinantes que, segundo relatório interno, tem taxa de cancelamento de 8 % ao ano – um dos menores do mercado de streaming brasileiro.
Financeiramente, o investimento de R$ 42,7 milhões no reality representa 12 % do orçamento total de conteúdos originais da plataforma em 2025. A expectativa é que a série gere receita adicional via merchandising, licenciamento de formatos para outros países da ITV e, claro, aumento de novos assinantes. Até o momento, a base de assinantes subiu 3,2 % nas duas semanas seguintes ao lançamento.
Próximos lançamentos e o futuro dos relacionamentos na tela
O próximo grande passo será a gravação de "Terceira Metade" no rancho de Itu, de 2 a 28 de junho, seguida da produção de "Túnel do Amor" em Porto de Galinhas, entre 15 e 30 de julho. Ambos os projetos usarão a mesma sala de controle da Globoplay, desenvolvida pela subsidiária TecnoGlobo, que utiliza análise de sentimentos em tempo real para captar 147 indicadores fisiológicos e verbais dos participantes. A tecnologia já foi testada em "Let Love" (2023) e trouxe insights valiosos sobre dinâmicas de atração.
Se a aposta funcionar, podemos esperar ainda mais experimentações, como formatos de “matchmaking” ao estilo de aplicativos de relacionamento, mas com a curtição de uma narrativa televisiva. O que parece certo é que, para o público brasileiro, a mistura de drama familiar e romance continuará a ser um prato quente nas noites de streaming.
- Data de estreia: 30/04/2025 (00:01 BRT)
- Plataforma: Globoplay (Grupo Globo)
- Local de gravação: Mansão em Itapecerica da Serra (SP)
- Investimento total: R$ 42,7 milhões
- Próximos lançamentos: "Terceira Metade" (Q3 2025) e "Túnel do Amor" S4 (agosto 2025)
Perguntas Frequentes
Como funciona a dinâmica de participação dos filhos no programa?
Os filhos se inscrevem secretamente nos perfis dos pais e, a partir da sala de controle, recebem informações sobre as interações dos concorrentes. Eles dão conselhos via fones, criam provas e podem até bloquear encontros, tudo monitorado por 78 câmeras.
Qual o público‑alvo da série?
A Globo mira os 38,7 milhões de brasileiros solteiros entre 30 e 55 anos, que representam cerca de 28 % da população adulta, buscando mantê‑los engajados com conteúdo de romance e relacionamento.
Quanto a produção custou e como esse valor se compara a outros realities?
O reality recebeu investimento de R$ 42,7 milhões, sendo R$ 18,3 milhões apenas para a construção da mansão. Esse montante supera o gasto médio de R$ 30 milhões em realities como "De Férias com o Ex" da mesma rede.
Quais são os próximos projetos da Globoplay na mesma linha?
Em 2025, a emissora lança "Terceira Metade", com a atriz Deborah Secco, que vai explorar relacionamentos poliamorosos, e a quarta temporada de "Túnel do Amor", comandada por Ana Clara Lima Contreras, que retornará em agosto.
Como a tecnologia da sala de controle influencia o programa?
Desenvolvida pela TecnoGlobo, a sala de controle usa análise de sentimentos em tempo real, monitorando 147 indicadores fisiológicos e verbais. Isso permite que os filhos ajustem suas intervenções conforme o humor e stress dos pais.
4 Comentários
Leandro Augusto
outubro 15, 2025 At 01:48É inadmissível que a Globoplay continue a diluir o conceito de entretenimento ao transformar a intimidade familiar em espetáculo barato. O investimento de R$ 42,7 milhões demonstra claramente que o objetivo é lucrar a qualquer custo, ignorando o respeito que os pais merecem. A exposição de vulnerabilidades em uma mansão luxuosa não é inovação, mas sim exploração sensacionalista. Ainda mais escandaloso é o fato de que os filhos controlam as interações, criando uma dinâmica artificial e manipuladora. Não podemos aceitar que o público seja tratado como cobaia de um experimento social barato. A estratégia de capturar o público solteiro entre 30 e 55 anos parece mais um golpe de marketing do que um conteúdo culturalmente relevante. A tecnologia de análise de sentimentos, embora avançada, serve apenas para intensificar a invasão de privacidade. Em suma, este reality é uma afronta à dignidade humana e deveria ser condenado por todos os críticos sérios.
Jémima PRUDENT-ARNAUD
outubro 26, 2025 At 15:35Se alguém ainda duvida da superficialidade desse programa, basta observar a fórmula repetitiva já utilizada em “De Férias com o Ex”. O que se apresenta como inovação é, na verdade, mais do mesmo, apenas rebatizado com nomes pomposos. A pretensão de criar empatia entre pais e filhos ignora a realidade de que tudo não passa de entretenimento barato. O investimento de dezenas de milhões é apenas um disfarce para aumentar a base de assinantes, sem oferecer conteúdo substancial. Portanto, quem compra a narrativa deve reconhecer que está sendo manipulado por estratégias de mercado disfarçadas de sociologia.
Isa Santos
novembro 7, 2025 At 05:21eu acho q a gente tem q olhar pra isso com calma porque parece q tá tudo muito exagerado, mas na real tem uns momentos q são bem sinceros? o fato de os filhos controlarem tudo pode parecer invasivo mas tbm abre porta pra reconciliação, viu? parece que a Globo tá tentando fazer de tudo um drama, e isso pode cansar a galera depois de tanto reality. acho que tem um lado humano que vale a pena observar, e quem sabe até aprender algo sobre comunicação famíliar. no final das contas, cada um pode extrair algo, mesmo que seja só entretenimento.
Jéssica Nunes
novembro 18, 2025 At 19:08É alarmante perceber como os executivos da Globo manipulam a psicologia dos participantes sob o pretexto de entretenimento. A presença de 78 câmeras em cada canto da mansão cria um ambiente de vigilância que beira o totalitarismo doméstico. Não é por acaso que a sala de controle utiliza análise de sentimentos em tempo real, um instrumento que pode ser usado para fins ainda mais obscuros. A marginalização da privacidade parental evidencia um desrespeito profundo pelos direitos individuais, que deveria ser alvo de denúncia. Além disso, a estratégia de segmentar o público solteiro entre 30 e 55 anos revela uma tentativa deliberada de controlar comportamentos de consumo. Essa combinação de tecnologia invasiva e exploração emocional sugere um plano sistemático de controle social. Devemos nos perguntar até onde a Globo está disposta a ir para manter a audiência. Somente uma fiscalização rigorosa pode impedir que tais experimentos continuem indefinidamente.
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