
Collor é preso em Alagoas: justiça põe fim a anos de recursos
Fernando Collor, ex-presidente que marcou o início da redemocratização brasileira, foi preso nesta sexta-feira em sua casa em Maceió, Alagoas. Aos 75 anos, Collor agora sente o peso de uma condenação por corrupção que se arrastava desde 2023. Ele foi acusado e condenado após facilitar contratos entre a BR Distribuidora (ligada à Petrobras) e a empreiteira UTC Engenharia — e, claro, não foi de graça. De acordo com as investigações, Collor teria embolsado pelo menos R$ 20 milhões em propinas para agilizar a relação entre as duas empresas, incluindo a barganha política para nomeações estratégicas na estatal.
Quem assinou a ordem de prisão foi o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Depois de anos de recursos por parte dos advogados de Collor, Moraes decidiu que as tentativas de postergar a sentença não tinham mais justificativa jurídica. A defesa apostava tudo em manobras para atrasar o cumprimento da pena, mas o ciclo de protelações chegou ao limite. Além do ministro, os 11 ministros do STF ainda vão validar a decisão em plenário, mas o ex-presidente já foi levado para cumprir pena enquanto isso.

Corrupção, Lava Jato e o peso simbólico
A prisão de Collor coloca mais uma peça importante no tabuleiro das investigações da Operação Lava Jato, aquela mesma que virou a vida política brasileira de ponta-cabeça na última década. No seu caso, a rota foi traçada seguindo rastros de dinheiro sujo nas maiores estatais do país. Collor teria vendido influência política para facilitar indicações na BR Distribuidora, favorecendo interesses da empreiteira UTC no fechamento de contratos bilionários.
O nome de Collor já havia sido sinônimo de escândalo quando se tornou o primeiro presidente eleito pós-ditadura e, em 1992, enfrentou o impeachment após alegações de corrupção. Após décadas longe dos holofotes, acabou voltando ao centro do noticiário ao ser alvo da Lava Jato — a mesma operação que levou Luiz Inácio Lula da Silva à prisão em 2018, mas que também deixou muitos outros nomes graúdos no banco dos réus.
- Fernando Collor foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão.
- As propinas somam ao menos R$ 20 milhões entre 2010 e 2014.
- A Lava Jato atingiu, além de Collor, empresários, altos funcionários da Petrobras e políticos de peso.
- O STF aceitou provas e autorizou a prisão após sucessivos recursos sem sucesso pela defesa.
Em 2025, a cena de Collor sendo levado pela polícia fecha um ciclo histórico curioso. O homem que foi expulso da presidência há mais de 30 anos por corrupção agora inicia uma sentença de quase 9 anos no cárcere pelos mesmos motivos. Se antes os grandes nomes escapavam passando anos apostando em recursos, agora o rumo é outro: o apoio do STF para prender ex-presidentes mostra uma mudança real no combate à corrupção, pelo menos nos tribunais.
Publicar um Comentário